Bairro de Matosinhos
Acredito que uma das razões de se preservar uma fotografia (ou qualquer obra artística) é a possibilidade e a felicidade de poder divulgá-la. A divulgação que aqui está sendo feita não tem caráter comercial, é exclusivamente informativa e cultural. Mesmo assim, em respeito ao trabalho de terceiros, por ocasião das postagens das fotografias contidas nesta categoria, esforços foram feitos para que as imagens tivessem os seus reais créditos, mesmo que elas já fossem de domínio público. Mas, muitas das vezes, por serem imagens antigas, a identificação do fotógrafo ou a qual acervo elas pertencem são informações difíceis de serem obtidas; diante destas dificuldades, são colocadas observações de que a fotografia é de autoria desconhecida ou que ignoramos quem seja o seu autor. No entanto, se alguma imagem aqui publicada não atender a estas condições, solicito a gentileza de que as pessoas interessadas se manifestem, fundamentando as suas observações através do e-mail do contato (acima, à direita), para que se possa fazer uma reavaliação, e, se for o caso, proceder as eventuais alterações.
Antiga vista aérea - Bairro de Matosinhos - São João del-Rei - MG
Reprodução de parte d'uma antiga fotografia aérea de São João del-Rei - MG, neste detalhe mostrando parcialmente o Bairro de Matosinhos: ao centro, a construção solitária, com amplo terreno vago ao redor, é a primitiva Igreja do Sr. Bom Jesus de Matosinhos, que foi criminosamente demolida no ano de 1970; mais à esquerda, na parte inferior, aparece o campo de futebol do Athletic Club; o SENAI está um pouco acima do Campo do Athletic; o outro campo de futebol, logo acima do SENAI, é do Social Futebol Clube, que àquela época ficava situado mais ou menos onde atualmente é o SESI.
O observador atento pode ainda visualizar a Estação Ferroviária de Chagas Dória, além de outras construções e particularidades do bairro... Estima-se que esta imagem é da década de 1960. Fotografia de José Antônio de Ávila Sacramento, a partir da foto original de Wilton, um piloto e instrutor de aviação que fez muitas fotos aéreas da cidade, por encomenda da Prefeitura Municipal, na época dos prefeitos Milton de Rezende Viegas e Mário Lombardi.
Antiga vista parcial do Bairro Matosinhos - São João del-Rei - MG
Em tempos idos, uma das principais ruas do Bairro Matosinhos era a Bernardo Guimarães aqui vista depois da travessia sobre o Ribeirão da Água Limpa que ficava ao lado da casa do Sr. Djalma Beltrão, por isto era denominada popularmente de "Ponte dos Beltrão"; mais ao fundo ainda se vê a primitiva Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos...
Imagem original do "Foto Brasil", reproduzida do acervo de José Augusto Moreira (in memoriam). O nome Bernardo Guimarães (1825-1884) é uma referência ao advogado, jornalista professor, romancista e poeta ouro-pretano que tem "A Escrava Isaura", de 1875, como o seu romance mais popular e em "O Seminarista", de 1872, uma de suas melhores obras. É o patrono da cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras e o patrono da cadeira nº15 da Academia Mineira de Letras.
A equipe do Programa Memória Social da UNESP (Universidade Estadual Paulista), que visa disponibilizar acervos, considera Bernardo Guimarães como importante autor de obras literárias de cunhos urbano, regionalista, sertanista, indianista e a histórica.
Com relação a nossa região, sobressai-se a obra "O Bandido do Rio das Mortes", um romance histórico que é a continuação de outra obra sua, "Maurício ou Os Paulistas em S. João d’El-Rey", de 1877, na qual aborda o episódio da Guerra dos Emboabas. "O Bandido do Rio das Mortes" foi publicado "post mortem", em 1904, pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais; no processo de elaboração desta obra, o escritor Bernardo percorreu a região de São João del-Rei conversando com tropeiros e garimpeiros em busca de informações acerca dos costumes, tradições e linguagem do sertão mineiro.
Casa no Bairro de Matosinhos - Década de 1930 - São João del-Rei - MG
Esta ampla casa ficava situada no Bairro de Matosinhos - Av. Josué de Queiroz, nº 28, esquina com a Rua Carlos Guedes - em terreno de 341,40 metros quadrados; lamentavelmente, o imóvel foi demolido no início da primeira década do ano de 2000. O proprietário da casa era o sr. Onofre Arcanjo das Neves (já falecido) e a propriedade estava inscrita no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de São João del-Rei sob o número 24142, livro 2.
Uma interessante particularidade da construção era a estrutura de sua cobertura: o engradamento-mestre que sutentava a cobertura em legítimas telhas francesas era feito em concreto armado. O início da construção se deu em 13 de agosto de 1937 e as obras foram terminadas em meados do ano de 1939. Possuía charmosas varandas (superior e inferior), quatro amplos quartos, belos lustres e lampiões, sótão, vários banheiros, três grandes salas, saletas, copa, grande cozinha, cômodos de despejo, garagens, amplo porão, jardineiras nas janelas e vistosos jardins ao seu redor... As esquadrias, os assoalhos e os forros eram confeccionados em Pinho-de-Riga ("Pinus sylvestris", madeira nobre, com nervuras formando sinuosos arabescos de cor castanha escura contra um fundo marfim, obtida d'uma espécie de árvore originária do Velho Mundo, mais precisamente da região da Eurásia; o nome é uma referência à cidade de Riga, na Letônia).
Já comentaram reservadamente e com absoluta certeza que foram vistos desmontados e guardados no porão desta casa as duas cúpulas menores, confeccionadas em cobre, que ornamentavam o antigo Pavilhão de Matosinhos (construção em estilo mourisco inaugurada no ano de 1913 e demolida em 1938, que ficava onde é o prédio do SENAI).
Esta reprodução, já um tanto quanto prejudicada, foi feita a partir de uma imagem xerocada do arquivo de José Antônio de Ávila Sacramento (a fotografia original e a autoria dela são desconhecidas).
Ciclistas na Estação de Chagas Dória - São João del-Rei - MG (autor desconhecido)
Esta foto, provavelmente dos anos iniciais da década de 1960, mostra três ciclistas junto da Estação Ferroviária de Chagas Dória, no Bairro de Matosinhos. O jornal "O Repórter" (edição nº 109, página 01, de 07 de abril de 1910) assim noticiou: "Ramal das Águas - Bem adeantado está o serviço do ramal Águas Santas, já estando concluída a ponte sobre o rio das Mortes. A estação Chagas Dória, ramal de Mattosinhos, está quasi concluída, obedecendo a sua construcção uma elegante planta, de estylo moderno, que nos parece foi levantada pelo hábil desenhista da Estrada sr. Arlindo Ramiro de Castro.".
Em 1911, uma Ordem de Serviço da direção da ferrovia comunicava: "Ordem n. 70 Abertura da Estação Chagas Dória - 15 de abril de 1911 - Communico-vos que está aberta ao trafego de passageiros, bagagens, animaes, mercadorias, etc, a estação de Chagas Doria, servindo o arrabalde de Mattosinhos, no kilometro 97 da linha de Centro. O prefixo para o serviço telegraphico será DO. Dará AP ás 5:50 da manhã e receberá PÓDE ás 9:10 da noite. De ordem da Directoria, a partir desta data, serão validos para todos os trens, os coupons de cadernetas de assignaturas para os trens de subúrbios. Horário dos trens mixtos: M1, chega às 7:03, parte às 7:05 da manhã; M2, chega às 6:20, parte às 6:22 da tarde; M3, chega às 6:05 parte às 6:07 da tarde; M4, chega às 6:05, parte às 6:07 da manhã. Ass: Pedro Magalhães, Chefe de Tráfego.".
Construção do adro da Igreja de Matosinhos (déc. 1970)
Construção da nova Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (Bairro de Matosinhos, São João del-Rei - MG) com destaque para as obras do muro lateral que delimtou o seu adro. Provavelmente, esta imagem é do final da década de 1970 e a autoria dela ainda desconhecida. Do lado esquerdo vê-se a antiga casa que ainda não havia sido demolida e atualmente deu lugar a um posto de gasolina...
Deusa Ceres e Igreja - São João del-Rei - MG (acervo de André G. D. Dangelo)
Aqui, em primeiro plano, a Estátua e Chafariz da deusa Ceres (atualmente remanejado para a praça em frente da "modernosa" Igreja). Em segundo plano, está a primitiva Igreja do Sr. Bom Jesus de Matosinhos, que o afoito padre Jacinto Lovato mandou derrubar no ano de 1970; em terceiro plano, um sobrado ainda existente e praticamente intacto na data de postagem desta foto (março de 2011). É uma pena que o Bairro de Matosinhos não possua mais o histórico Pavilhão construído no anos de 1913, em estilo mourisco, e que foi demolido a dinamite, em 1938 (ficava no local onde, anos depois de sua demolição, construíram o prédio do SENAI).
Infelizmente, restaram para a memória do Bairro, dois decadentes monumentos: a Estação Ferroviária de Chagas Dória e o conjunto do Chafariz e Estátua da deusa Ceres. Se não cuidarmos destes remanescentes patrimônios, as futuras gerações os terão apenas como “retratos drummondianos” dependurados nas paredes de suas casas... Ou talvez, nem isto!
Fábrica de Tecidos S. João - Matosinhos (autor desconhecido)
A Fábrica de Tecidos São João localiza-se na Avenida Josué de Queirós, nº 222; a grandiosidade do complexo retrata o tempo áureo da tecelagem na cidade de São João del-Rei. Atualmente a área encontra-se quase que inoperante ou já inoperante.
"Em 1936, João Lombardi comprou a Fiação e Tecelagem Matosinhos, que produzia tecidos de algodão cru. Com o crescimento da empresa em 1949 foi incorporada a Fábrica Brasil, do grupo Ferreira Guimarães passando a produzir brins e flanelas. Em 1968, foi a vez dos cobertores entrarem no leque da produção, com a compra da Fábrica São João. Nascendo então, a Fiação e Tecelagem João Lombardi S/A. José Cláudio Henriques, em seu livro "Bairro de Matosinhos, berço da cidade de São João del Rei", escreveu: "durante o dia, destacava-se o grande movimento de operários da fábrica de tecidos São João, ao entrarem e ao saírem do expediente de trabalho. Na época de Natal, realizavam grandes festas nas dependências da fábrica, com comida e refrigerantes para todos do bairro das marcas Marchetti e Aviador.".
Fachada da Igreja de Matosinhos em construção (final da década de 1970)
Construção da igreja nova do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, no Bairro de Matosinhos, em São João del-Rei - MG (imagem do final da década de 1970 e de autoria ainda desconhecida).
Igreja Bom Jesus de Matosinhos - São João del-Rei - MG
A partir de 1970, quando foi criminosamente demolida a primitiva Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, começaram a construção desta estrutura que atualmente ainda serve como templo (imagem de autoria desconhecida, da segunda metade da década de 1970; reprodução do acervo de José Antônio de Ávila Sacramento).
Igreja de Matosinhos em construção (Década de 1970-80)
Construção da atual igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (Bairro Matosinhos - São João del-Rei - MG). Esta imagem provavelmente é do final da década de 1970/início da de 1980 e a autoria dela ainda é desconhecida.
Interior da antiga Igreja do Sr. Bom Jesus de Matosinhos (autor ignorado)
Esta igreja, apesar de sólida e tombada pelo IPHAN (então SPHAN), foi criminosamente demolida pelo padre Jacinto Lovato, no ano de 1970.
O jornal Ponte da Cadeia, número 152, edição de 17 de maio de 1970, publicou depoimento de Geraldo Guimarães protestando contra a demolição da Igreja: "Mas dizem que o vigário nem admite conversa sobre a sua construção [da igreja nova] e a sua destruição [da igreja antiga]. E dizem mais: que ele outro dia fez um gesto feio dentro da igreja, 'dando uma banana' para os membros do Instituto Histórico e Geográfico, quando sobe das críticas que a entidade teria feito à sua destruição. Banana durante a missa. Sinal dos tempos. Não. Também na primeira missa, em 1500, os índios comiam banana".
Matosinhos antigo (Reprodução de desenho de Rugendas)
Bairro de Matosinhos, reproduzido por Johan Moritz Rugendas, provavelmente entre os anos de 1821-1825. Para registrar esta paisagem, a posição do artista deveria ser a do atual morro do Lombão.
No desenho vê-se a Serra do Lenheiro (ao fundo), a confluência do Córrego do Lenheiro com o Rio das Mortes, e, no centro da paisagem, a primitiva Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (igreja que foi criminosamente demolida no ano de 1970, pelo padre Jacinto Lovato). Em primeiro plano: viandantes, tropeiros e um esmoler (com seu tradicional oratório de pescoço).
Pavilhão de Matosinhos (autoria desconhecida)
"Construção terminada em 1913, para comemoração do 2º centenário de elevação de São João del-Rei a Vila. Nele deveria instalar-se uma exposição industrial permanente. Mas ficou abandonado e vazio, durante decênios, sem que nenhum Prefeito tivesse a normal inspiração de instalar ali uma escola, serviço público ou algo de interesse social geral.
Durante as célebres festas anuais de Matosinhos, no térreo alojavam-se bancas de jogos diversos, bares, diversões. E foi a sua única utilização, descabida, parcial e ocasional. Edifício ainda absolutamente sólido, apesar de maltratado pelo tempo e abandono, foi destruído pela prefeitura, lá pelo ano de 1938.
Um fiscal informou que o motivo era o fato de casais de namorados se aproveitarem do vão das portas do térreo. E cabritos também... A foto demonstra a grandiosidade e a beleza do estilo original do edifício. Muitos anos, depois da destruição do Pavilhão, no local foi construída a Escola do SENAI."
(Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, Vol. I, 1973, pág. 3). "Não importa quais sejam os direitos de propriedade, a destruição de um prédio histórico e monumental não deve ser permitida a esses ignóbeis especuladores, cujo interesse os cega para a honra. Há duas coisas num edifício: seu uso e sua beleza. Seu uso pertence ao proprietário, sua beleza a todo o mundo; destruí-lo é, portanto, extrapolar o que é direito." (Victor Hugo).
Pontilhão da EFOM (autoria desconhecida)
Uma Maria Fumaça está prestes a passar sobre o pontilhão que cruza o Córrego da Água Limpa, ligação ferroviária da sede da Estrada de Ferro Oeste de Minas-EFOM com o Bairro de Matosinhos. A época mais provável desta foto é a década de 1970. O que se apresenta hoje como um formidável parque ferroviário, em São João João del-Rei, e ainda chega a atrair a atenção de muitos, nada mais são do que os meros despojos daquilo que fora a grandiosidade da Estrada de Ferro Oeste de Minas...
Primeira Comunhão - Bairro Matosinhos - São João del-Rei - MG
Foto comemorativa de uma primeira comunhão com as pessoas postadas à frente da antiga Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em São João del-Rei - MG (s.d. e s.a.). No cento da imagem vê-se o padre demolidor da primitiva igreja.
Primeira Comunhão - Matosinhos - São João del-Rei - MG (acervo de Osni Paiva)
Esta foto traz uma turma de meninos e meninas defronte da portada da primitiva Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em foto clássica da comemoração de suas primeiras comunhões.
O padre que está no centro da fotografia é Jacinto Lovato Filho (nascido em 28.07.1930, ordenado em 01.12.1957 e falecido em 25.07.2004). O dito sacerdote foi aquele que no ano de 1970 promoveu a criminosa derrubada da mencionada igreja e, depois, vendeu várias de suas peças sacras. Há de se dizer que o templo era tombado pelo SPHAN (atual IPHAN) e ainda são muito nebulosas as razões da omissão do órgão governamental à época, pois não há notícias de que fora tentado impedir a demolição.
Aquela destruição, a despeito do solitário protesto de integrantes do recém-criado Instituto Histórico e Geográfico local, configurou-se como um dos mais graves crimes já cometidos contra o patrimônio cultural, arquitetônico e religioso da cidade de São João del-Rei.
Torcida do Social Futebol Clube (autor desconhecido)
“Escrever a história do Social Futebol Clube é aprofundar-se num tempo esquecido no passado. Amadurecido nas cabeças de José Nogueira, Inácio Rabelo Guedes, Domingos Cozza, Silvino Araujo, Sebastião Rabelo e Joaquim Zito de Souza, o Social tomou corpo e forma no dia 15 de setembro de 1939, data oficial de sua fundação.
Tendo como padroeiro o Senhor Bom Jesus de Matosinhos, exaltado no dia 14 de Setembro, o Social, desde então, vem palmilhando sua trajetória com galhardia e altivez. Fundado no bairro considerado de baixa renda e de pequena população na época, estava destinado ao fracasso, assim como outros que o antecederam. Contrariando, porém, todos os prognósticos, o Social F. Clube encontrou em Dona Cotinha, genitora do Dr. Paulo Campos, uma ferrenha defensora dos ideais dos fundadores. Colocando à disposição do clube uma faixa de terreno de sua propriedade, para que nele se iniciasse, de modo concreto, a trajetória gloriosa do clube, Dona Cotinha lançava a semente do futebol “xavante”.” (ALBERICO ZANETTI NETO, 1989)
Vista lateral da Igreja do Sr. Bom Jesus de Matosinhos (autor ignorado)
Em 07 de maio de 1970 os membros do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, através de ofício, posicionaram-se contra a derrubada da primitiva Igreja do Sr. Bom Jesus de Matosinhos, tendo sido aprovado o “mais veemente protesto quanto à demolição.” Aquele templo era um bem cultural tombado (processo nº 68-38/SPHAN, inscrito no Livro do Tombo de Belas Artes, Vol. 1, fls. 2, em 04 de março de 1938).
Através de ofício assinado pelos confrades Fábio Nelson Guimarães e Astrogildo Assis, os membros do IHG alertavam ao então pároco de Matosinhos, padre Jacinto Lovato, que a referida “advertência pretendia passar ao Reverendo a responsabilidade de tal destruição perante a posteridade, e propunha a recolocação das telhas no referido templo, em vista do bom estado do madeirame do telhado.”
O vigário ainda achou por bem “responder” aos protestos do IHG, através de ofício datado de 13 de maio de 1970, no qual, dentre outras coisas, escreveu: “Nenhum valor tem para mim protesto veemente ou sem veemência (...) O assunto é de exclusivamente da alçada da Igreja (...) Não aceitamos a intromissão de alheios à religião em assuntos de competência da mesma, ainda mais de um desconhecido IHG (...) As igrejas são para utilização dos fiéis e não para serem contempladas como pura arte de construção...”.
O protesto do Instituto foi “lido alto pelo padre, para os fiéis, na missa de domingo, com zombarias e declarações de desprezo ao IHG. (...) Tratou-se então de acelerar a demolição, de modo bárbaro, usando até dois tratores e cabos de aço para por abaixo o frontão, com a cruz de ferro trabalhada. (...) Os materiais foram vendidos: madeiras, ornatos de pedra, arco do cruzeiro, retábulo e finalmente a portada de pedra sabão. A Igreja estava fazendo, em 1970, exatamente 200 anos do início da sua construção.” Sobre este episódio é pertinente relembrar esta citação de Victor Hugo: "não importa quais sejam os direitos de propriedade, a destruição de um prédio histórico e monumental não deve ser permitida a esses ignóbeis especuladores, cujo interesse os cega para a honra. Há duas coisas num edifício: seu uso e sua beleza. Seu uso pertence ao proprietário, sua beleza a todo o mundo; destruí-lo é, portanto, extrapolar o que é direito." (Victor Hugo).