Cartas/Mensagens

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Envio-te esta mensagem / escrevo-te estas mal traçadas linhas…

Achei na internet este texto que Maria Eduarda Soffiati escreveu; não a conheço, mas, como gostei e concordei com ela, resolvi trancrevê-lo aqui à guisa de preâmbulo desta seção onde estão publicadas algumas cartas e/ou mensagens (publicáveis!) que eu escrevi ou recebi: “Ninguém mais faz isso: escrever cartas. Ou ao menos ninguém ao olhar grosso, porque talvez, a maioria não escreva cartas, mas os que escrevem são de levar no fundo do peito. Uma mensagem é uma coisa boa de se receber. Mas uma carta? Essa é uma benção. Esses dias vieram me dizer: que antiquados esses livros de folhas amarelas e esses cadernos lotados de papéis soltos, com caligrafia as vezes apressada demais para alcançar a perfeição. Digo que não. Antiquado coisa nenhuma, apenas atemporal. Surpreendi essa mesma pessoa com uma carta. E ela veio me dizer que havia amado. Perguntei se ainda achava meus gostos antiquados. Disse que na verdade, aprendera a gostar de minhas estranhices. Pediu-me mais cartas e assim encontrei, um porque para escrever, todas semanas a alguém da minha cidade. Claro que permanecem outros meios, mas sabem as cartas? Elas dominam meu coração. Guardo todas e amo escrevê-las.”.

Pois é, saibam todos que escrever cartas já foi hábito muito comum e o ofício era até ensinado em salas de aula. Não é mais assim, eu  sei. Mas eu já escrevi cartas e mensagens de próprio punho, datilografadas e digitadas e creio que algumas das minhas “mal traçadas linhas” transcenderam a textura dos papéis e das tintas. Elas foram epístolas de amores (mesmo sabendo que Álvaro Campos, o Fernando Pessoa, já havia sentenciado que “todas as cartas de amor são ridículas“), de dores, de felicidades, de tristezas, de indagações históricas e argumentações políticas, de solicitações, de sugestões, de agradecimentos, de mandar e cobrar notícias, de críticas, de indignação e denúncia, de cumprimentos, enfim, eu já escrevi cartas de quase todos teores e humores. Cartas ou mensagens não são comparáveis aos e-mails, a mensagens de WhatsApp ou de SMS, com suas rotinas virtuais de mensagens curtas e expressões abreviadas, recursos dos quais eu não tenho ojeriza, porque também faço uso deles. Contudo, penso eu que escrever cartas não deve ser compreendido como ato antiquado e nem configurar-se um desprezo à tecnologia; tais mensagens, manuscritas (ou digitadas), bem dobradas, acondicionadas num envelope, lacradas, subscritadas com destinatários e remetentes, seladas e postadas no correio à moda antiga, apresentam-se com um que de hedonismo, tanto para o emissor quanto para o receptor que as acolhe, via carteiros, nas caixas de correio ou debaixo das portas de suas casas. As mensagens contidas nas cartas parecem carregar consigo muito mais sentimentos, poderes e valores do que as mensagens virtuais. Ou não?